NuDCEN – Núcleo de Divulgação Científica e Ensino de Neurociências Produção Acadêmica,Sem categoria NeuroDelas: Meninas nas Neurociências — Protagonismo Feminino na Divulgação Científica

NeuroDelas: Meninas nas Neurociências — Protagonismo Feminino na Divulgação Científica


Dados do trabalho apresentado na SIAC/UFRJ 2025

  • Título: NeuroDelas: Meninas nas Neurociências
  • Modalidade / Área: Pôster — Extensão
  • Autores: Ananda de Oliveira Campos; Nathalia Reis dos Santos; Rafaela Santos Lucena; Rebecca Luísa Rosa Magarão Moreira; Maria Eduarda Sampaio Valverde; Luana Beatriz Cardiano Mangeth; Anna Luiza Barbosa Nery; Natália Rodrigues Dias; Glaucio Aranha Barros.
  • Orientador: Prof. Dr. Alfred Sholl-Franco (NUDCEN/UFRJ)Caderno SIACSessões.

Resumo (conforme o Caderno de Resumos da SIAC)

A divulgação dos conhecimentos em neurociências tem ganhado crescente destaque, especialmente nas redes sociais. No entanto, os materiais digitais disponíveis ainda são escassos em conteúdos aprofundados e frequentemente suscetíveis à propagação de informações sem embasamento científico. Nesse contexto, o projeto de extensão NeuroDelas: Meninas nas Neurociências propõe-se como um recurso midiático digital acessível, voltado à divulgação científica das neurociências por meio da produção de podcasts em formato de entrevistas com profissionais da área, mediados por uma equipe predominantemente feminina. O projeto busca oferecer uma alternativa inovadora de popularização científica, promovendo a acessibilidade ao conhecimento neurocientífico, superando barreiras regionais e socioeconômicas. Simultaneamente, visa contribuir para a visibilidade das mulheres em ambientes historicamente associados ao gênero masculino, como o meio acadêmico-científico.
As entrevistas são gravadas em estúdio profissional no Laboratório de Produção Multimídia (CT/UFRJ), com roteiros elaborados pelas integrantes do projeto, baseados em pesquisas na literatura científica. A escolha dos temas conta com a participação do público por enquetes realizadas no Instagram. Após as gravações, os episódios são editados no software Reaper, visando à melhoria da qualidade sonora e à remoção de ruídos, publicados no Spotify (@NeuroDelas) e divulgados nas redes sociais Instagram e TikTok (@neurodelas.oficial e @cienciasecognicao), por meio de cortes em vídeo extraídos das entrevistas.
Até o momento, foram lançados os episódios: “Origem do Projeto e Divulgação Científica”, “TDAH (Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade)”, “Saúde Mental no Dia Nacional da Consciência Negra”, “Roberto Lent — ‘Existo, logo penso’: Neuroplasticidade e Divulgação Científica” e “Saúde Mental dos Jovens e Adolescentes do Século XXI”. O projeto também conta com mentoria semipresencial para meninas do ensino médio da rede pública, promovendo o primeiro contato com o ambiente acadêmico-científico e incentivando o ingresso no ensino superior, com o apoio do CNPq, por concessão de bolsas ICJ para estudantes de 24 cidades do Brasil.
Os conteúdos produzidos alcançam índices expressivos de engajamento: no Spotify, média de 79 ouvintes mensais; no Instagram, 36.893 visualizações, 9.771 de alcance e 1.285 interações mensais, com 395 novos seguidores em média. As participantes também desenvolvem textos de divulgação científica voltados ao público infanto-juvenil, publicados no perfil @neuroteen_br, ampliando o impacto social da iniciativaCaderno SIAC.


Análise e contextualização

1) A emergência de um espaço feminino na neurodivulgação

O projeto NeuroDelas é mais do que um canal de podcast — é um gesto epistemológico de resistência e reconstrução. Ele nasce da constatação de que, mesmo em campos de fronteira científica como as neurociências, a presença e a voz feminina ainda são sub-representadas.
Sob orientação de Alfred Sholl-Franco e coordenação de Glaucio Aranha Barros, o projeto propõe uma inversão simbólica: as mulheres deixam de ser narradas pela ciência para se tornarem autoras do discurso científico.

O foco na mediação digital e na linguagem multimodal aproxima o NeuroDelas das novas práticas de divulgação científica feminista, em que a horizontalidade, o diálogo e o acolhimento substituem o tom didático e hierárquico do ensino tradicional.


2) Comunicação científica como mediação cultural

A estratégia do projeto integra duas esferas semióticas — a ciência e a cultura digital.
Os episódios de podcast operam como narrativas híbridas: mesclam entrevistas científicas com experiências pessoais, num formato que aproxima o público leigo do universo da neurociência. O uso de plataformas como Spotify, TikTok e Instagram não se limita à difusão: trata-se de uma escolha epistemológica — compreender que o conhecimento circula hoje por fluxos rizomáticos, como propôs Deleuze, e que o engajamento digital é um novo regime de semiose.


3) Educação, mentoria e empoderamento

A inclusão de um programa de mentoria semipresencial para meninas do ensino médio é um dos pontos mais notáveis do NeuroDelas.
Com apoio do CNPq, o projeto forma uma rede nacional de iniciação científica júnior, envolvendo alunas de 24 cidades. Essa ação articula três dimensões:

  1. Educação científica – introduz conceitos básicos de neurociência de modo acessível e interdisciplinar;
  2. Formação cidadã – desenvolve habilidades de comunicação, pensamento crítico e ética digital;
  3. Empoderamento de gênero – cria modelos positivos de referência para meninas em áreas STEM.

4) Impacto e indicadores de alcance

O relatório apresentado na SIAC mostra que o NeuroDelas não é apenas uma proposta, mas uma iniciativa consolidada de alto impacto social e midiático.
Os números — 36 mil visualizações e crescimento constante de seguidores — indicam a eficácia de um formato comunicativo que alia ciência e entretenimento, rigor e leveza.
Do ponto de vista pedagógico, o projeto contribui para uma aprendizagem significativa sobre o cérebro e para a construção de identidades cognitivas femininas num campo historicamente masculino.


5) Implicações epistemológicas

Ao se posicionar na intersecção entre neuroeducação, feminismo e comunicação científica, o NeuroDelas materializa o que Michel Certeau chamaria de tática de apropriação simbólica — um modo de habitar o discurso científico sem reproduzir suas hierarquias tradicionais.
Assim, o projeto não apenas comunica ciência, mas produz novos modos de subjetivação na ciência.


Conclusão

O NeuroDelas: Meninas nas Neurociências é exemplo paradigmático do compromisso do NUDCEN/UFRJ com uma ciência plural, inclusiva e socialmente engajada.
Mais do que popularizar conteúdos, ele inaugura uma prática discursiva transformadora: a de falar sobre o cérebro a partir de outras vozes, olhares e afetos.

“Dar voz é dar espaço para pensar — e pensar é o gesto mais radical de liberdade”, sintetiza o Prof. Dr. Glaucio Aranha Barros, em consonância com o espírito da iniciativa.


Como citar

Campos, A. O.; Santos, N. R.; Lucena, R. S.; Moreira, R. L. R. M.; Valverde, M. E. S.; Mangeth, L. B. C.; Nery, A. L. B.; Dias, N. R.; Barros, G. A.; Sholl-Franco, A. (2025). NeuroDelas: Meninas nas Neurociências. Pôster — Extensão, SIAC/CCS-UFRJ.


Série “Produção NUDCEN na SIAC 2025”.
Próximo post: Promovendo as Neurociências – O Impacto do Curso de Férias na Formação Acadêmica e Social.

">

Related Post

A Olimpíada Brasileira de Neurociências para Graduandos: integração disciplinar e formação científica (2018–2024)A Olimpíada Brasileira de Neurociências para Graduandos: integração disciplinar e formação científica (2018–2024)

Dados do trabalho apresentado na SIAC/UFRJ 2025 Título: A Olimpíada Brasileira de Neurociências para Graduandos como Plataforma de Integração Disciplinar: […]

Produção Acadêmica