NuDCEN – Núcleo de Divulgação Científica e Ensino de Neurociências Produção Acadêmica Características dos Participantes da Olimpíada Brasileira de Neurociências em 2024: Diversidade, Gênero e Inclusão na Ciência

Características dos Participantes da Olimpíada Brasileira de Neurociências em 2024: Diversidade, Gênero e Inclusão na Ciência


Dados do trabalho apresentado na SIAC/UFRJ 2025

  • Título: Características dos Participantes da Olimpíada Brasileira de Neurociências em 2024: Um Panorama da Predominância Feminina e da Diversidade Sociodemográfica

  • Modalidade / Área: Comunicação Oral — Extensão

  • Autores: Fayla de Souza Silva; Danielle Carvalho Gonçalves; Gustavo Diniz; Glaucio Aranha Barros; Aliny dos Santos Carvalho; João Vítor Galo Esteves.

  • Orientador: Prof. Dr. Alfred Sholl-Franco (NUDCEN/UFRJ)

    Caderno SIAC

    Sessões

    .


Resumo (conforme o Caderno de Resumos da SIAC)

A Olimpíada Brasileira de Neurociências (OBN), afiliada à International Brain Bee (IBB), é realizada no Brasil desde 2013 como uma competição de neurociências em formato híbrido voltada para estudantes do ensino médio. Para ampliar a acessibilidade e a diversidade, a OBN expandiu seu site, desenvolveu o Portal do Candidato (PC) com materiais de estudo, lançou a Olimpíada Local Descentralizada de Neurociências (OLDN) para estudantes sem comitês locais, instituiu um sistema de cotas para escolas públicas e implementou ações afirmativas voltadas à inclusão de gênero e racial. O objetivo desta análise é compreender o alcance da OBN na vida dos jovens, sobretudo de mulheres e pessoas de regiões mais afastadas dos centros urbanos, além de avaliar seu impacto em termos de participação e impacto. A metodologia adotada foi de natureza historiográfica e educacional, com base em documentos públicos disponíveis no site oficial da olimpíada, incluindo relatórios de participação, descrições estruturais e resumos anuais. A competição nacional inclui provas de múltipla escolha nas áreas de morfologia, neurociência clínica e neurociência básica, seguidas por uma etapa de “Live Questions” com respostas dissertativas. Os dados dos participantes foram acessados por meio do portal da OBN, com base nas informações de inscrição

Caderno SIAC

.


Análise e contextualização

1) A OBN como instrumento de democratização científica

Desde sua criação em 2013, a Olimpíada Brasileira de Neurociências (OBN) tem se consolidado como um dos mais importantes espaços de iniciação científica e inclusão educacional do país. A edição de 2024, analisada neste trabalho, marca um ponto de inflexão ao destacar a predominância feminina entre os participantes e a crescente representatividade de estudantes de regiões historicamente periféricas no cenário acadêmico.

O estudo, coordenado por Alfred Sholl-Franco e Glaucio Aranha Barros, posiciona a OBN não apenas como competição acadêmica, mas como política de equidade cognitiva, em que o conhecimento científico é mediado por práticas de inclusão, colaboração e diálogo entre saberes.


2) Expansão e inovação institucional

A criação do Portal do Candidato (PC) e da Olimpíada Local Descentralizada (OLDN) representa um avanço metodológico expressivo. O primeiro democratiza o acesso a conteúdos de preparação — vídeos, roteiros, questionários e simulados — permitindo que alunos de qualquer região participem em condições equitativas.
Já a OLDN amplia a capilaridade da competição, permitindo que escolas sem comitês locais possam participar, o que reduz o viés geográfico e social característico de competições científicas concentradas em grandes centros.

Essas ações refletem o compromisso da OBN e do NUDCEN com os princípios da ciência aberta e da justiça cognitiva, nos quais o acesso ao saber é compreendido como direito e não privilégio.


3) Gênero, diversidade e impacto social

Os dados apresentados confirmam uma predominância feminina crescente entre as participantes — tendência que acompanha o fortalecimento de iniciativas como o projeto NeuroDelas e a RedeNeuro.
Esse protagonismo feminino, longe de ser casual, reflete transformações estruturais promovidas por políticas afirmativas e mentorias dedicadas à inclusão de meninas nas ciências da vida.

Além disso, a análise sociogeográfica mostra a expansão da OBN para regiões Norte e Nordeste, evidenciando uma descentralização do conhecimento neurocientífico e um aumento da diversidade racial e socioeconômica dos inscritos.


4) Metodologia e abordagem analítica

A investigação adota uma abordagem historiográfica e educacional, articulando relatórios de participação e registros institucionais para mapear o perfil dos competidores.
O uso de dados autodeclarados do portal oficial permite traçar correlações entre gênero, região e desempenho, oferecendo uma leitura crítica sobre os efeitos das ações afirmativas implementadas.
Essa estratégia metodológica reforça o caráter reflexivo e autorregulatório do projeto, em consonância com as recomendações contemporâneas de governança participativa na extensão universitária.


5) Dimensões pedagógicas e epistemológicas

O trabalho se insere na linha de pesquisa do NUDCEN que entende a educação científica como semiose cultural (Lotman, 1990; Santaella, 2019).
Assim, a OBN é vista como espaço simbólico de produção de sentido, onde a ciência é apropriada e reinterpretada por jovens sujeitos cognitivos — muitos deles em seu primeiro contato com o discurso acadêmico.
A competição, portanto, não é fim em si mesma, mas meio de construção de pertencimento e de identidade científica.


6) Perspectivas futuras

Entre as metas para os próximos anos destacam-se:

  • aprimorar o sistema de dados para pesquisas longitudinais sobre impacto educacional;

  • ampliar a formação de mentoras e mentores regionais, priorizando escolas públicas;

  • integrar a OBN a projetos como o Museu Virtual de Neurociências e o Atlas de Neurociências Virtual, consolidando um ecossistema digital de aprendizagem.

Essas iniciativas reforçam a OBN como plataforma de aprendizagem transformadora, sustentada por princípios de diversidade e engajamento social.


Conclusão

O estudo sobre as Características dos Participantes da Olimpíada Brasileira de Neurociências em 2024 evidencia que o ensino e a divulgação científica podem ser ferramentas efetivas de inclusão e equidade.
A OBN consolida-se como experiência de formação cidadã, em que o saber neurocientífico se entrelaça com valores éticos e sociais.

“A ciência só cumpre sua função quando o acesso a ela se torna universal”, observa o Prof. Dr. Alfred Sholl-Franco, sintetizando a filosofia que orienta a olimpíada.


Como citar

Silva, F. S.; Gonçalves, D. C.; Diniz, G.; Barros, G. A.; Carvalho, A. S.; Esteves, J. V. G.; Sholl-Franco, A. (2025). Características dos Participantes da Olimpíada Brasileira de Neurociências em 2024: Um Panorama da Predominância Feminina e da Diversidade Sociodemográfica. Comunicação Oral — Extensão, SIAC/CCS-UFRJ.


Série “Produção NUDCEN na SIAC 2025”
Próximo post: Neurosaga — A Jornada das Neurociências Através da História.

">

Related Post