Dados do trabalho apresentado na SIAC/UFRJ 2025
-
Título: A Olimpíada Brasileira de Neurociências para Graduandos como Plataforma de Integração Disciplinar: uma Análise Histórica e Educacional (2018–2024)
-
Modalidade / Área: Comunicação Oral — Extensão
-
Autores: Danielle Carvalho Gonçalves; Fayla de Souza Silva; Gustavo Diniz; Glaucio Aranha Barros; Aliny dos Santos Carvalho; João Vítor Galo Esteves.
-
Orientador: Prof. Dr. Alfred Sholl-Franco (NUDCEN/UFRJ)
Caderno SIAC
Sessões
.
Resumo (conforme o Caderno de Resumos da SIAC)
A Olimpíada Brasileira de Neurociências para Graduandos (OBNG), iniciada em 2018, é uma competição nacional voltada a estudantes de graduação, coordenada pela organização Ciências e Cognição em parceria com o Núcleo de Divulgação Científica e Ensino de Neurociências (NUDCEN) do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (UFRJ). Sua missão é promover o ensino de neurociências, incentivar o engajamento interdisciplinar e estimular a iniciação científica precoce em todo o país.
O objetivo desta análise é compreender a trajetória da OBNG como estratégia educacional de integração entre as ciências da saúde e da vida, além de avaliar seu impacto em termos de participação e alcance.
A metodologia adotada foi de natureza historiográfica e educacional, baseada em documentos públicos disponíveis no site oficial da olimpíada, incluindo relatórios de participação, descrições estruturais e resumos anuais das edições entre 2018 e 2024.
A estrutura da competição é composta por três fases: um quiz de múltipla escolha sobre neurociência básica; uma prova teórica avançada em neuroanatomia, fisiologia e neurociência clínica; e uma rodada final ao vivo, com perguntas discursivas respondidas perante uma banca avaliadora.
Desde 2020, todas as etapas passaram a ser realizadas de forma remota, o que ampliou significativamente a acessibilidade e o alcance nacional da iniciativa. A equipe executora, composta por estudantes e profissionais, atua na elaboração de provas, gestão dos portais oficiais, disponibilização de materiais de estudo, suporte aos competidores e articulação com a OBFis (Olimpíada Brasileira de Fisiologia).
Os resultados observados demonstram um crescimento expressivo: de 20 participantes em 2018 para 302 em 2024, com destaque para a ampliação da diversidade regional e a consolidação da OBNG como plataforma de formação científica interdisciplinarCaderno SIAC
.
Análise e contextualização
1) A OBNG como ecossistema formativo
A Olimpíada Brasileira de Neurociências para Graduandos (OBNG) representa um desdobramento do movimento de popularização das neurociências no Brasil liderado pelo NUDCEN e pela Organização Ciências e Cognição. Criada em 2018, a OBNG nasceu como versão universitária da Olimpíada Brasileira de Neurociências (voltada ao ensino médio), tornando-se um laboratório de integração entre ensino, pesquisa e extensão.
Sua principal inovação está em articular formação científica e competição acadêmica, configurando um modelo híbrido de aprendizagem — cooperativo na preparação, competitivo na avaliação e colaborativo na difusão.
2) Metodologia e desenho da competição
A análise apresentada na SIAC evidencia um percurso metodologicamente sólido. O estudo adota abordagem historiográfica e educacional, cruzando dados de seis edições (2018–2024) e integrando fontes institucionais, relatórios e estatísticas de participação.
A estrutura triádica da OBNG — quiz, prova teórica avançada e rodada discursiva final — permite avaliar múltiplas dimensões cognitivas: reconhecimento conceitual, aplicação de raciocínio científico e argumentação crítica.
O formato remoto, implementado a partir de 2020, consolidou a OBNG como modelo de competição acessível e descentralizada, alcançando estudantes de diversas regiões e instituições públicas e privadas
Caderno SIAC
.
3) Expansão, impacto e diversidade
Os dados de crescimento — de 20 participantes em 2018 para 302 em 2024 — não apenas indicam sucesso organizacional, mas também refletem a democratização do acesso ao ensino de neurociências no nível superior.
O trabalho revela que, nas últimas edições, participaram estudantes de pelo menos dez cursos distintos, incluindo Medicina, Enfermagem, Psicologia, Biotecnologia e Educação Física, demonstrando o caráter transdisciplinar do evento
Caderno SIAC
.
A ampliação das cotas e o incentivo a comitês locais colaboraram para reduzir desigualdades regionais e promover a inserção de grupos historicamente sub-representados nas ciências da vida.
4) Conexões e sinergias institucionais
Outro ponto destacado é a articulação estratégica entre a OBNG e a OBFis (Olimpíada Brasileira de Fisiologia), permitindo a integração de conteúdos e metodologias. Essa sinergia reflete o ethos do NUDCEN: trabalhar em redes, compartilhando práticas pedagógicas e tecnologias de ensino entre áreas correlatas.
A OBNG é, nesse sentido, uma plataforma de aprendizagem colaborativa em larga escala, onde professores e estudantes atuam como coautores de um processo contínuo de formação científica e cidadã.
5) Dimensões educacionais e epistemológicas
No plano teórico, o trabalho remete à concepção de educação como semiose, cara à linha de pesquisa do NUDCEN e à abordagem semiótica de Alfred Sholl-Franco e Glaucio Aranha Barros.
A olimpíada se torna um texto cultural: um espaço de produção de sentido onde os participantes não apenas “respondem” a provas, mas constroem narrativas identitárias em torno da ciência e de seu papel social.
A OBNG, portanto, vai além da transmissão de conhecimento: é um exercício de cidadania cognitiva, em que a competição se converte em forma de cooperação ampliada.
6) Considerações e perspectivas futuras
O trabalho apresentado na SIAC sugere que a OBNG consolidou-se como instrumento eficaz de integração transdisciplinar e equidade cognitiva.
Para os próximos ciclos, os autores propõem ampliar os estudos longitudinais sobre o impacto da participação na trajetória acadêmica dos competidores — especialmente quanto à continuidade em pós-graduação e pesquisa em neurociências.
A iniciativa reforça a vocação do NUDCEN como centro irradiador de práticas inovadoras em ensino e divulgação científica.
Conclusão
A Olimpíada Brasileira de Neurociências para Graduandos sintetiza a missão do NUDCEN/UFRJ: formar redes, cultivar pensamento crítico e democratizar o acesso à ciência.
Seu percurso entre 2018 e 2024 atesta que a universidade pública pode, sim, ser um espaço de invenção social e cognitiva — um lugar em que o conhecimento se constrói coletivamente e se devolve à sociedade em forma de oportunidades.
“Competir é cooperar em outro idioma. Cada estudante, ao participar, expande as fronteiras da própria mente — e, com ela, as da ciência brasileira”, afirma o Prof. Dr. Alfred Sholl-Franco, coordenador da OBNG.
Como citar
Gonçalves, D. C.; Silva, F. S.; Diniz, G.; Barros, G. A.; Carvalho, A. S.; Esteves, J. V. G. (2025). A Olimpíada Brasileira de Neurociências para Graduandos como Plataforma de Integração Disciplinar: uma Análise Histórica e Educacional (2018–2024). Comunicação Oral — Extensão, SIAC/CCS-UFRJ. Orientação: A. Sholl-Franco.
Série “Produção NUDCEN na SIAC 2025”
Próximo post: Características dos Participantes da OBN 2024 – Diversidade, gênero e inclusão na neurociência brasileira.
